O Brasil transporta mais de 80%das cargas por meio de rodovias, enquanto que a Rússia, país de dimensões eeconomia semelhante à brasileira, escoa apenas 8% da produção sobre rodas.Mesmo com a discrepante diferença entre os dois países, a média mundial detransporte de cargas rodoviárias é de 30%.
Conforme estudo realizado peloDepartamento de Competitividade de Tecnologia (Decomtec), da Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as transportadoras nacionais têmsomado despesas anuais extra de R$ 17 bilhões devido à precariedade dainfraestrutura do Brasil, incluindo as péssimas condições das rodovias esucateamento dos portos.
Como alternativa, o doutor emEngenharia de Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), JoséManoel Ferreira Gonçalves, defende investimentos em ferrovias para que aprodução agrícola brasileira possa ser escoada de forma segura e econômica.
”Como o custo do transporte portrens é seis vezes menor que o custo do frete por caminhões, por termos menos ferroviasque todos os outros países que formam o Brics, nossa capacidade de competirdiminui drasticamente. Investir no setor é tão importante que quatro gigantesdo agronegócio – Bunge, Cargill, Maggi e Dreyfus – mais a estruturadora denegócios Estação da Luz Participações (EDLP), anunciaram que pretendem seassociar para criar uma empresa de logística que participará dos leilões deconcessão de ferrovias. Seriam criadas duas ferrovias, a principal sairia docentro de Mato Grosso, em Sinop, e seguiria por 1.000 km até o porto deMiritituba, no Rio Tapajós, no Pará. Lá, a carga seguiria por mais 1.000 km dehidrovias para ser exportada pelos portos ao norte, como Vila do Conde eSantarém”, destaca.
Gonçalves vai além e sugereinvestimentos anuais de R$ 300 bilhões, durante dez anos, para resolver oproblema logístico. Para o especialista, apenas com a economia que passaria aser feita nos fretes, o investimento poderia ser pago. No entanto, um repassedesta envergadura, de 5% do PIB, dependeria de um pacto de Estado, sugere oengenheiro.
Sobre o transporte rodoviário,Gonçalves foi enfático. “A estrada é necessária para os trajetos mais curtos,para transportar perecíveis e pessoas com urgências específicas. Mas por causado sucateamento da malha viária nacional assistimos a um trânsito caotizadopelo excesso de caminhões, ônibus e automóveis. Avalio que o transporte feitopelas estradas é caro, excessivamente caro, absurdamente poluente e perigoso,fatal, como sabemos”, conclui.
José Manoel Ferreira Gonçalves -é autor do livro "Despoluindo sobre Trilhos". A publicação nasceu datese de doutorado e faz uma avaliação da situação atual da malha ferroviária noEstado de São Paulo e propõe a integração dos municípios no transporte de cargase passageiros, citando também os ganhos econômicos e ambientais. José ManoelFerreira Gonçalves é doutor em Engenharia de Produção pela UniversidadeMetodista de Piracicaba (UNIMEP), Mestre em Engenharia Mecânica pelaUniversidade Federal de Itajubá. Engenheiro Civil (Universidade Mackenzie),Jornalista (Fundação Cásper Libero) e Advogado (Universidade Santa Cecília).Pós-graduado em Geoprocessamento (UFRJ), Termofluidomecânica (EFEI), Eng.Oceânica (Coppe-UFRJ) e História da Arte pela Fundação Armando Álvares PenteadoFAAP. Conselheiro do Instituto de Engenharia em dois mandatos e do CREA-Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo.
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Autor: Lucas Rivas